sábado, 22 de janeiro de 2011

A Verdade sobre meu Sonho... A verdade sobre mim.

Estou cansado, desapontado... sei que minha síndrome de Peter Pan bate forte, mas ela tem desaparecido a cada dia que passa, pois vejo a pureza em meu olhar sumir aos poucos.
Estar no Rio de Janeiro, buscando minha consolidação da carreira como ator pode parecer para muitos o alcance do glamour, da fama. E por mais que eu brinque com isso às vezes, quem me conhece sabe que este não sou eu. Eu sou aquele que aprendeu a ler e devorou quase todos os livros da biblioteca da escola, aquele que foi o dançarino da quadrilha, o rei mago no final do ano na pré-escola, aquele que foi o Alvinho da Luluzinha na 4º série e até carneirinho para poder participar da peça. Aquele que aos 12 anos decidiu ser ator, artista quando assistiu pela primeira vez ao filme Free Willy, isso mesmo...lembro que quando terminei de ver o filme pensei: "Em que profissão eu posso ser tudo, até amigo de uma baleia? Somente sendo ator". E assim eu segui, escrevendo peças para o colégio, fazendo cursos, assistindo muitas coisas.
Assistir, observar...filmes, séries, novelas... isso teve papel importante na minha vida. Muito do que sou aprendi observando as pessoas, as histórias. Para isso vivi muitas histórias minhas, passei por momentos difíceis e aprendi a lidar com eles, conheci muita...muita gente nesse caminho todo. Conheci muitos lugares, muitas culturas, com a preocupação em me tornar uma pessoa melhor, um ator melhor, e não com o foco em ser melhor que alguém. Tive mais certeza ainda durante os 5 anos em que fiz o "Oras Bolas", uma peça simples, bonita e lúdica em que presenciei reações incríveis diante de uma platéia variada onde pais, filhos e avós se deixavam levar pela brincadeira no palco. Aprendi como foi a luta para muita gente durante a guerra quando fiz "O Diário de Anne Frank". Compreendi muito da sociedade atual quando participei de "O Açougue ou como Frank Sinatra me emociona". Vivenciei dramas pessoais na pele dos textos de Lorca com "Yerma" e "Dona Rosita solteira ou a Liguagem das Flores". Me encantei com a realidade das pessoas em "De Asfalto e Calçadas ou a Lenda do Menino Romeno". Com a dança aprendi a brincar com meu corpo, a entender as sensações em cada músculo. E aprendi a sorrir e a passar por dificuldades, inclusive físicas . Sorrir...sorrir, como ator sempre fico tenso com comédias, não gosto da obrigação de fazer rir, mas na vida...nossa, adoro colocar um sorriso em alguém. Gosto de histórias e é simplesmente isso que quero. Nunca fui preso ao dinheiro, sempre busquei ter uma vida que pudesse ser um pouco confortável, sou simples. O que busco é o prazer de contar histórias, pois sei que elas modificam o homem. isso é o que mais me atrai.
Muitas coisas estão mudando pra mim e o Peter em mim está cada vez mais longe, indo para a Terra do Nunca, o que me deixa um pouco perdido, procurando uma forma de encontrar meu pó mágico novamente...enquanto não o encontro permaneço aqui...lutando contra o Capitão Gancho que surge cada dia mais.

5 comentários:

Yân disse...

Texto lindo! Real. Você!

Anônimo disse...

Ai preciso ver o título daquele livro e te mandar...
je sus!

marina!

Sheyla disse...

Muito bonito si...rsrsr. Verdadeiro, simples e comum a nós atores, temos um medo danado de perdermos nossa criança e quando é preciso amadurecer, na raça, perdemo-nos.

Maria disse...

Adorei o texto Bô!
O mais importante nessa vida, é fazer as coisas com paixão. Eu vejo em você uma pessoas apaixonada pelo que faz.
E, pode ter certeza, podemos passar por muitas mudanças na vida, mas a paixão vai ser sempre o que nos mantem no rumo certo. Não tenha medo de mudar, de se perder, porque não nos encontramos somente uma vez na vida. O gostoso é se encontrar em multiplas situações e nos surpreender com nós mesmos.

Joatan disse...

Gostaria muito de conversar com você, se possível, me envia seu email, ou um email para joatanmj@gmail.com.


Abraços fraternos

Joatan